Mayara Fernanda Proença

 

Projeto de Pesquisa sobre: Wittgenstein: A relação que se pode estabelecer entre os jogos de linguagem e a educação










                               Pontifícia Universidade Católica do Paraná
                           CTCH – Centro de Teologia e Ciências Humanas    
                                                   Licenciatura em Filosofia
                                             Mayara Fernanda Proença                           
    
                                              Esboço do projeto de Pesquisa

Título
  
“Wittgenstein: o paralelo entre os jogos de linguagem e a educação”

Objetivo

 Por meio da análise de diversas fontes, este trabalho visa relacionar o processo da educação com o processo de aprendizado e uso da linguagem, e discutir o problema do “adestramento” dentro desses campos. Objetiva também mostrar formas de uso da linguagem para que não se adestre o indivíduo.

Introdução (desenvolvimento do tema)

 Ludwig Wittgenstein, em sua segunda obra, Investigações Filosóficas, aborda os diversos jogos de linguagem, que são, digamos, regras para o uso de determinadas palavras que caibam no contexto de uma conversa específica, que dependem no meio social, idade, cultura, etc. do indivíduo. Ao falar sobre uma forma restrita a linguagem, em que cada palavra designa a apenas um objeto definido, ele aborda a questão da educação, dizendo que “tais formas primitivas da linguagem são empregues pela criança quando aprende a falar. Ensinar a linguagem aqui não é explicar, mas antes adestrar (WITTGENSTEIN, 1995, p.175)”. Isto sugere que o significado das palavras é passado, pelos adultos, de forma ostensiva às crianças, exatamente como vem acontecendo na educação.

Formulação do problema

 A linguagem é um dos primeiros passos de aprendizagem do indivíduo. Logo, podemos facilmente associá-la ao ato da educação. A questão é: A forma ostensiva do aprendizado da linguagem ou de qualquer outro conteúdo é benéfica para o indivíduo ou não? A partir disso, podemos nos perguntar se quando a criança é ensinada sob essas condições ostensivas ela vai de fato aprender ou apenas memorizar o conteúdo ou a língua. Entende-se aqui o conceito aprender como uma prática em que o indivíduo saiba aplicar esses conteúdos no cotidiano, entendendo sua importância histórico-cultural e social. Se ela apenas memorizar, o que seria o “adestramento”, vai deixar de saber essa importância e não conseguirá flexionar os conteúdos, o que era pra ser o aprendizado, para um campo mais amplo. Nos jogos de linguagem, o modo ostensivo se dá pelo modo com que os pais ensinam a língua para os filhos: Mostram-lhes objetos e pronunciam uma palavra, para que a criança saiba associar o som da palavra com o objeto mostrado, sendo assim, ela é “adestrada”, e sempre que ouvir aquele termo, lhe virá a imagem do objeto do qual ele se designa, e vice-versa. Essa é uma forma muito restrita de aprendizado da língua, pois o indivíduo não estará aberto para outras possibilidades de usos daquela palavra. Isso acontece pois falta ressaltar a quem está aprendendo que uma única palavra pode servir para designar diversos elementos, o que irá depender, principalmente, do contexto da situação. Com base nisso, de que forma podemos resolver o problema da educação, em que o professor “treina” o aluno para fixar o conteúdo (de forma que o educador, assim, elimina todo e qualquer espírito crítico e questionador sobre determinado assunto tratado em sala de aula)?

Estado da arte (Literatura secundária): De que forma outros autores procuraram contribuir para a resolução do problema em questão?

 Ao analisarmos o presente tema, percebemos a sua amplitude, e vemos que o problema linguagem / educação envolve uma série de fatores, que podem ser, como veremos a seguir, físicos, biológicos, antropológicos, culturais e etc.

1° Artigo - A linguagem dos jogos e os jogos de linguagem: as possíveis contribuições de Wittgenstein para o debate da “educação e tecnologia”

Maurício Fernando Bozatski, por exemplo, diz que “alguns estudantes não gostam da escola e não se esforçam para aprender o que é ensinado nela, por que a escola não está em seus horizontes como sendo algo que lhes ensinará algum conhecimento aplicável diretamente em alguma situação prática da vida (BOZATSKI, 2008, p.192)”, ou seja, a forma como os conteúdos lhe são passados é de maneira tal que não lhes permite entender como eles vão aproveitar e aplicar esse conteúdo. É preciso entender também que cada um está inserido em um diferente jogo de linguagem, ou ainda, que cada um possui um campo de conhecimento que lhe chamará mais a atenção. Sendo assim, não há um jogo cujas regras agradem a todos ao mesmo tempo.

2° Artigo – Interculturalidade, linguagem e educação: Uma abordagem a partir de Wittgenstein

 O crescente nível de informações que se tem hoje, seja no campo histórico, cultural ou científico, acarreta, consequentemente, a um aumento de conteúdos dados em sala de aula. Porém, isso pode gerar problemas, caso o educador não saiba passá-los de maneira aos educando. É o que dizem Neiva Afonso Oliveira e Heloísa Helena Durval de Azevedo, cujo artigo aborda a questão do excesso de informação em sala de aula, o que faz com que haja demasiada memória, mas sem entendimento algum, e afirmam: “O aluno possui acesso a todo tipo de informação e, muitas vezes, não sabe como lidar com ela (OLIVEIRA; AZEVEDO, 2009, p.3)”. Assim, os professores e os alunos acabam usando o método da memorização ao invés do entendimento. Acontece que a relação professor e aluno acaba se assemelhando a uma loja de conveniências, que apenas fornece informações, mas sem fornecer a devida utilidade prática, ou, utilizando o termo que usaram os filósofos da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, acontece a Indústria Cultural, ou seja, conversão de cultura em mercadoria.
 O ensino ostensivo tira do aluno toda e qualquer possibilidade de fazer questionamentos em sala. Não lhe é ensinado ser um cidadão crítico, capaz de questionar e opinar sobre os mais diversos assuntos. Em consequência, há o problema da autenticidade dos conteúdos que são dados.

3° Artigo - Wittgenstein e os "jogos de linguagem": novas perspectivas para o conceito de educação

  Outra autora, Marlene Torrezan, ressalta que os professores devem compreender a particularidade de cada indivíduo, ou seja, devem estar cientes do jogo de linguagem que ele pertence, para, assim, poder ensinar de acordo com ele. Retomando o conceito wittgensteiniano de “representação panorâmica” da linguagem, ela afirma que “se não há compreensão ‘panorâmica’ das palavras, dos conceitos, por não entender que as regras estão implícitas nos conceitos e da consequente impossibilidade de percepção de suas interconexões, não é possível ter uma visão do mundo como ele é representado (TORREZAN, 2000, p. 168)”. Assim, concluímos que se a escola não for capaz de ensinar panoramicamente, ela perderá todo seu sentido. Na filosofia, o conceito de Wittgenstein indica uma linguagem que não seja limitada, mas sim, com diversos usos, dependendo do contexto. Já na educação, o conceito panorâmico refere-se a um aprendizado de conteúdos que contenham articulações e conexões com as coisas do cotidiano do aluno.

4° Artigo – Wittgenstein e a importância dos jogos de linguagem na educação infantil

Temos também Ivanaldo Santos, que, após dar uma breve explicação do que seriam os jogos de linguagens, monta reflexões para associá-los a educação. Ele dá ênfase à ideia de regras da fala, dizendo que a sociedade retruca as crianças quando estas pronunciam de maneira equívoca as palavras (SANTOS, 2008, p.165), o que reforça o conceito que se tem da linguagem como uma norma a ser rigidamente seguida. Ao analisar a relação dos jogos de linguagem com a educação infantil, ele também nos leva a entender que as crianças, por estarem inseridas em jogos de linguagem diferentes dos de seus educadores (estes estão incluídos nos jogos de linguagem da própria escola e de seus conteúdos estabelecidos por currículos), acabam por não compreender o que os professores estão ensinando. Com isso, ele deduz que “é preciso que a criança aprenda o uso prático da linguagem, das palavras. As palavras não podem ser ensinadas como se estivessem soltas, como se fossem unidades abstratas e metafísicas (SANTOS, 2008, p.167)”. Assim como na linguagem, é preciso que as crianças tenham consciência dos usos práticos.

Formulação da proposta própria de resolução do problema

Como pudemos observar no que disseram os comentadores, os jogos de linguagem podem ser facilmente associados a educação no âmbito escolar do indivíduo. Porém, falta um esclarecimento maior em relação ao que deveria ser feito para não tornar o aprendizado uma prática ostensiva. A ideia seria estabelecer exemplos mais práticos, e apontar meios para que os jogos de linguagem influam de maneira positiva nesse processo.


Metodologia

·         Ler e Analisar a fonte primária e a fonte secundária;
·         Analisar até onde já se chegou à resolução do problema a partir de outros autores;
·         Analisar se, com a própria pesquisa, é possível ir além;
·         Se possível, avaliar até onde se pode ir;
·         Pensar em desdobramentos das outras fontes para começar elaborar o próprio pensamento;
·         Sugerir novos métodos (caso aqueles estejam falhos) ou dar continuidade a um que supra ao menos parte da resolução do problema;
·         E, finalmente, buscar argumentos para que se tenha fundamentado àquilo que for dito neste trabalho.





        






















                                                        Cronograma

                                 

     MAI
     JUN
    JUL
    AGO
     SET
    OUT
Concluir a leitura e análise de Investigações Filosóficas e dos Artigos selecionados
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Produção do vídeo

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Desenvolver a problemática


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Desenvolver as tentativas de soluções do problema a partir de outros autores



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Elaborar a tentativa própria de solução do problema




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Elaborar as considerações finais do artigo, conclusão





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            Referências Bibliográficas

              
Fonte primária:

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. Editora Nova Cultural, Coleção Os Pensadores, São Paulo, SP, 1996.

Fonte secundária:

Marlene Torrezan, Wittgenstein e os “jogos de linguagem”: Novas perspestivas para o conceito de educação. Revista Perspectiva, Vol. 18, n° 34,  Florianópolis, Santa Catarina, 2000.

BOZATSKI, Maurício Fernando. A linguagem dos jogos e os jogos de linguagem: as possíveis contribuições de
Wittgenstein para o debate da “educação e tecnologia”. Educação Profissional: Ciência e Tecnologia, Brasília, v. 2,
n. 2, p. 187-198, jan./jun. 2008.

Ivanaldo Santos, Wittgenstein e a importância dos jogos de linguagem na educação infantil. Revista Educação e Linguagem, Vol. 11, n° 17, São Paulo, 2008.

Neiva Afonso Oliveira e Heloísa Helena Durval de Azevedo. Interculturalidade, linguagem e educação: Uma abordagem a partir de Wittgenstein. Publicação escolhida para o III SENAFE (Seminário Nacional de Filosofia e Educação), 2009.